domingo, 1 de agosto de 2010

crítica GUIA DA FOLHA

Guia da Folha 30 de julho a 5 de agosto.
A crítica Monica Rodrigues da Costa publicou uma crítica do nosso infantil dando cotação regular.
Abaixo nossa resposta:
O que é estereótipo de fada para você? Uma linda menina loira com belos atributos físicos, fala calma e suave, dotada do mais puro linguajar poético ou, um homem vestido de mulher, com a perna peluda que fala grosso e não tem medo de ser engraçado e sincero? A pergunta se auto-responde, não é? Ou você realmente acha um clichê enfraquecedor um homem vestido de mulher, e porquê? Curioso também seria achar a forma que Carlos Baldim faz a fada (Ator que interpreta a fada no espetáuclo Pelos Ares) estereotipada... Porquê? Em nenhum momento ele apela pra maneirismos, que, erroneamente, poderiam sugerir (às cabeças mais conservadoras, acrescento) alusões ao homossexualismo. E se apelasse, porque enfraqueceria sua mensagem? Em épocas de paradas gay rodando o mundo aos olhos atentos dos filhos daqueles que desfilam, não me atrevo nem a responder essa pergunta.
Aliás, como artista nunca busquei responder e dizer o que deve ser feito, pelo contrário, formulamos sempre mais perguntas, e, talvez, elas se dispersem mesmo, porque também a mim me faltam respostas. E, acredito, que o verdadeiro teatro (infantil inclusive) suscite discussões e não pensamentos fechados daquilo que eu acho que possa ser o mundo. Essas questões são, aliás, as dúvidas do personagem Thomas Máximo (Interpretado, sem ser questionado como foi a fada por um homem, pela atriz Paula Arruda), sendo que a interpretação da personagem é feita de forma realista e sem maneirismos cênicos ao contrário de como são interpretadas a maioria das outras personagens feitas pelos outros atores (altamente teatrais e cômicas por opção).
Eu citaria três ou quatro momentos em que emoções sutis são valorizadas, mas vou me ater ao fato de que faço uma comédia!!! E, me causa espanto ouvir que uma comédia exagera na comédia dispersando assim, sua mensagem! (Aliás, nem acho a peça tão engraçada assim, obrigado). Curioso pensar que aprendi sozinho que a comédia faz pensar. Uma boa bibliografia para quem ainda não acredita no poder reflexivo da comédia talvez seja um François Rabelais anarquico e humanista que, me ensinou que, um jovem bobão chamado Pantagruel derrotava exércitos com um peido.
Tudo bem, talvez seja melhor tapar olhos e ouvidos das nossas crianças mesmo. O mundo pode ser um lugar muito medonho. Mas, pasmem! Pode ser um lugar maravilhoso também! E, leitores, é sobre isso que trata a minha peça. Sobre “aceitar a dor e a delícia de ser o que é”. Eu pretendo, para mim e para as crianças que me assistem, um olhar sem estereótipos sobre o mundo, apesar disso soar como um clichê. E você? Quer ser livre e voar com a gente? Ah, na nossa viagem, também é permitido rir e falar muitas besteiras!

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